Filipe Chamy, ainda em Salvador, visitou a Biblioteca Infantil Monteiro Lobato e nos deixou suas impressões sobre ter em mãos a primeira edição de “A menina do Narizinho Arrebitado”.
“Reinações de Narizinho” é não só um dos meus livros favoritos mas também “o” livro de literatura infantil brasileiro arquetípico por excelência, por justíssimos méritos. Foi publicado em 1931, originalmente.
Porém sua história começa onze anos antes, em 1920, com “A menina do Narizinho Arrebitado” (depois simplesmente “Narizinho Arrebitado”). Trata-se do primeiro dos onze livros que depois seriam agrupados nas Reinações. E não só isso: é o primeiro livro infantil escrito e publicado por Monteiro Lobato.
Fez um sucesso absurdo e dezenas de edições seguiriam nas décadas seguintes. Hoje eu consegui um feito: ter em mãos a edição original de 1920, para folhear e reler, encantado, o começo das histórias que me acompanharam a vida afora!…
As coisas eram diferentes em 1920: Narizinho “Sonhou” a aventura no Reino das Águas Claras (que depois Lobato sabiamente transformaria em realidade); Emília estava muda; nem sinal das célebres Pílulas Falantes do Doutor Cara-de-Coruja, ops, Caramujo…
Selecionei aqui algumas das mais diversas passagens do que temos desde a década de 1940 como a Narizinho “definitiva”. Veremos aqui: Narizinho dizendo-se apaixonada pelo Príncipe; a pena capital aplicada a uma rã criminosa, com aplauso da menina; Narizinho loura (cabelos de ouro); Emília lutando contra um escorpião (o grande vilão do livro nos tempos pré-Dona Carochinha); Dona Benta em péssima condição física… Os desenhos muito presentes e marcantes são de Voltolino, e impressionam pelo apuro nas roupas e expressões (o cabelo de Narizinho parece de uma “coquette” do cinema). O livro aparentemente pertencia a uma menina chamada Yolanda, tendo sido presenteado a ela por um certo Dr. Rebouças.
Tanto este original quanto a famosa versão facsimilada de 1982 (centenário de Lobato) com material extra, estão no acervo circulante da Biblioteca Infantil Monteiro Lobato em Salvador. É a segunda biblioteca infantil do Brasil (a primeira é a de São Paulo, que hoje se chama justamente Monteiro Lobato) e sobre ela falarei em um post próximo”.
(Texto originalmente publicado em maio de 2022)
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