domingo, 10 de setembro de 2023

Monteiro Lobato e as Mulheres (Tradutoras), por Taís Diniz Martins

 Mulheres por mulheres sejam traduzidas.”

Um dos objetivos do Observatório Lobato é intensificar as pesquisas acerca das atividades tradutórias de Monteiro Lobato. Este post tem como intuito compartilhar parte de estudos que já estão em andamento, especialmente no que diz respeito a uma área ainda pouco explorada: as relações que Lobato estabeleceu com as tradutoras de sua época, e quaisquer impactos que eventualmente tenham acontecido em suas carreiras por sua influência.

O papel de Monteiro Lobato como agente propagador das traduções e adaptações de língua estrangeira para a língua portuguesa é amplamente (re)conhecido através de estudos historiográficos, tradutórios e literários. Não é possível estabelecer precisamente quando suas atividades tradutórias tiveram início, mas há indícios de que tenham começado no princípio de sua vida adulta, logo nos primeiros anos de casado, em 1909.

Apesar de termos indicativos de que Lobato tenha empreendido atividades tradutórias em período anterior (em 1904, relata a Rangel o desejo de traduzir O Príncipe, de Machiavel), consideram-se as traduções dos artigos do jornal Weekly Times para os periódicos e jornais brasileiros como sendo o marco inicial da sua carreira como tradutor.

Com o decorrer do tempo, e com as mudanças em sua vida pessoal e consequentemente em sua vida profissional, o que era uma forma de complementar sua renda e uma maneira de se manter ativo no meio jornalístico tornou-se um objetivo. Lobato descobrira a necessidade de apresentar as traduções para o público brasileiro de uma forma que elas fossem mais acessíveis e de acordo com a linguagem corrente. Além disso, sua atividade como editor requeria novidades constantes para atender e formar um público leitor. Para maiores detalhes sobre estas atividades, sugerimos a leitura do livro Um país se faz com tradutores e traduções, do Prof. Dr. John Milton.

Ainda em sua função como editor – e posteriormente na função de uma espécie de consultor para Octalles Marcondes Ferreira, da Cia Editora Nacional – também colaborou para a difusão de diversos títulos estrangeiros no mercado editorial brasileiro. Em uma de suas cartas para o amigo Godofredo Rangel, Lobato afirma que fiscalizava as traduções que seriam publicadas pela Companhia Editora Nacional. Seria ainda mais incisivo ao dizer que Octalles Marcondes Ferreira preferia perder dinheiro a “enfiar no público” uma tradução que ele, Lobato, condenasse.

Nos anos finais de sua vida, depois de sofrer uma série de infortúnios financeiros, a tradução foi o meio de subsistência de Lobato. O que antes ele fazia por prazer e por opção, passou a fazer parte do rol de suas obrigações.

MULHERES POR MULHERES SEJAM TRADUZIDAS

A citação que dá início a este texto faz parte de uma carta que Monteiro Lobato enviou a sua sobrinha e nora Gulnara Lobato de Moraes. Ela expressa um pouco da visão, avançada para época, sobre o papel feminino na sociedade brasileira.

Ana Carolina Siqueira Veloso, em sua dissertação, Perfis femininos em livros infantis de Monteiro Lobato (1920-1940), diante da impossibilidade de associar formalmente a figura de Lobato aos movimentos feministas dos anos 1920-1940, e tendo em vista não ter encontrado nenhum registro formal, aventa a possibilidade de ele ter sido um simpatizante da causa feminista. Veloso associa este fato a vários registros das ideias de Lobato, distribuídos entre sua correspondência pessoal, em artigos publicados em seus livros e na imprensa na fabulação das personagens femininas em sua obra O Sítio do Picapau Amarelo, e ao fato de manter um relacionamento de amizade em pé de igualdade com várias mulheres.

Ainda segundo Veloso, a visão acerca do gênero feminino de Lobato diferia da maioria dos intelectuais e movimentos da época. Após uma reflexão sobre o relacionamento de Lobato com sua noiva, e depois esposa, Purezinha, a pesquisadora se questiona também sobre qual seria o modelo ideal de mulher ou, conforme escreve, “a mulher dos sonhos de Lobato”.

A pesquisadora transcreve um trecho de uma carta de Lobato para a noiva em que ele lista uma série de adjetivos, descrevendo o seu ideal feminino, os quais citaremos aqui em forma de excertos:  inteligentemente sincera/ engenhosamente sincera/ capciosamente maliciosa/ enérgica e teimosa/ enérgica sob aparência de fraquíssima/ voluntariosa sob uma capa de inércia/ combativa sob forma de resignadaPara uma análise mais aprofundada sobre Maria da Pureza de Gouvêa Natividade, a Purezinha, recomendamos a leitura da tese da Dra. Raquel Endalécio Martins Um perfil de Maria da Pureza Monteiro Lobato.

É muito interessante observar as características eleitas por Lobato, como sendo as mais atrativas para ele, pois as encontraremos em boa parte das mulheres com quem manteve relações de amizade e profissional como por exemplo Edy Lima, Maria Eugênia Celso, Nize Terezinha, Francisca de Basto Cordeiro, Leonor de Aguiar e Yaynha Pereira Gomes.

Maslowa Gomes Venturi, filha de Yaynha, tornar-se-ia também tradutora, tendo traduzido livros para as editoras Brasiliense, Companhia Editora Nacional e Ibrasa, além de ter colaborado com a imprensa em artigos de crítica literária. Para um estudo mais aprofundado sobre Yaynha Pereira Gomes, recomendamos a leitura do capítulo Correspondência com Yaynha Pereira Gomesdo Dr. Sílvio Tamaso D’Onófrio.

Aqui, abordaremos a relação de Lobato com três mulheres tradutoras: Gulnara Lobato de Moraes, Francisca de Basto Cordeiro e Leonor de Aguiar.

GULNARA LOBATO DE MORAES PEREIRA


Gulnara, além de sobrinha tornou-se também nora de Lobato quando se casou com seu filho, que viria a falecer prematuramente, Edgard Monteiro Lobato. Segundo o artigo da Dra. Denise Bertolucci, intitulado A família Monteiro Lobato nos Estados Unidos da América: os filhos Edgar e Guilherme, Edgard seria o sucessor natural de Lobato no mundo das letras, tendo demonstrado talento para a escrita e para a tradução. Entre as poucas obras que traduziu encontramos A volta do Capitão Blood (1932), de Rafael Sabatini, A Caravana Verde (1933), de Oliver Sandys, e Beau Geste (s/d), de P.C Wren, revisada por Monteiro Lobato.

Apesar de sua filha caçula Ruth, também ter incursionado pelo mundo das traduções, traduzindo em parceria com o pai Uma folha na tempestade (1941), de Lin Yutang e Biografia da Terra (1946), de George Gamow seria a sua sobrinha e nora Gulnara Lobato de Moraes Pereira a escolhida de Lobato para receber o seu conhecimento sobre o mundo das traduções. Com o falecimento do filho, percebendo a nora em dificuldades econômicas, e com um filho pequeno para criar, Lobato tratou de instruir, conduzir e inserir Gulnara no mercado tradutório, preparando a nora para exercer a profissão de tradutora e, com isso, garantir o seu sustento e do neto.

Gulnara, apesar de possuir pouca instrução formal, segundo seu depoimento para o Museu da Imagem e do Som apresentava muita habilidade para traduzir. Foi desta forma que Lobato impactou a vida de Gulnara, levando-a a estabelecer uma carreira profissional da qual renderiam bons frutos. Abaixo um levantamento parcial sobre as traduções realizadas por Gulnara Lobato de Moraes Pereira:


FRANCISCA (CAROLINA SMITH DE VASCONCELOS) DE BASTO CORDEIRO

Francisca Cordeiro era uma aristocrata e, de uma forma ou de outra, sempre esteve envolvida em atividades literárias, sendo uma das protagonistas no que diz respeito às intervenções culturais nas décadas de 1920 e 1930.

Foi editora-proprietária da revista A Única, totalmente editada, escrita e impressa por mulheres, e participou em outros periódicos voltados exclusivamente ao público feminino, como a revista Walkyrias.

Uma biografia mais completa de Francisca de Basto Cordeiro foi apresentada no capítulo Historiografia da tradução de For whom the bell tolls, de Ernest Hemingway, no Brasil.

Neste capítulo foi abordada a relação de Lobato, que foi o editor de Jardim Secreto, o primeiro livro publicado por Francisca, e a trajetória da tradução da obra de Hemingway. Ao que tudo indica Francisca foi incumbida pela Editora Pongetti de traduzir Por Quem os Sinos Dobram.

Esta suposição surgiu por meio de uma notícia publicada no Jornal O Imparcial, reproduzida ao lado, onde é informado que Francisca estava prestes a finalizar a tradução do texto de Hemingway.




Em uma investigação mais aprofundada, foi possível constatar que outras fontes também creditavam a autoria da tradução a Francisca, tornando ainda mais plausível a hipótese de ter sido ela a autora da tradução que Monteiro Lobato relata estar traduzindo, enquanto se encontrava encarcerado, em 1941.

Não foram encontrados registros de que essa obra tenha sido efetivamente publicada pela editora Irmãos Pongetti, e não havia subsídios para que fosse possível determinar, o motivo pelo qual a tradução de Francisca não tenha sido publicada e a tradução de Lobato tenha sido lançada pela Companhia Editora Nacional.

Algumas suposições foram feitas, mas a pesquisa foi finalizada sem elementos suficientes para determinar o que de fato ocorreu no percurso editorial desta obra. Posteriormente à publicação do capítulo a mestre em Teoria da História, tradutora e pesquisadora Denise Bottman, após entrar em contato com o conteúdo do capítulo, forneceu uma informação que pode modificar esta narrativa no sentido de trazer uma aproximação maior com os possíveis motivos da reviravolta editorial.


Em entrevista datada de 15/05/1941, concedida por Francisca ao jornal O Imparcial, o jornalista descreve que foi recebido pela tradutora enquanto ela estava trabalhando na finalização dos últimos capítulos do texto de Hemingway.

Transcrevemos um trecho da reportagem:

Agora conversando com a traductora brasileira de “For Whom te Bell Tolls”, o repórter recolhe uma impressão totalmente diversa e nem por isso menos interessante. D. Francisca Cordeiro Bastos não gosta de Hemingway e nem quer dar o seu nome à tradução do último romance do autor de “The Sun Also Rises”.

— Não gosto de Ernest Hemingway — diz ella num ar de desencanto cruzando as mãos sobre o collo. E depois, abrindo o volume que está sobe a sobre a mesa. — É um bruto. Aliás basta olhar para o seu retrato e tem-se logo esta impressão. Olhe só para as mãos. Si isso são mãos de artista! E os braços? Braços fortes e cabeludos de camponez da Carolina do Sul. Não, não gosto deste escritor. Vejo que escreve com um enorme poder de suggestão e que os seus diálogos são estupendamente reaes. Mas, oh! Como é grosseiramente realista e como trata mal as suas figuras de mulher! Os seus sentimentos são de um bárbaro e ele não comprehende, nem acceita as bellezas do espirito. É um bruto! (sic).”

A declaração da tradutora afirmando que não deseja ter o seu nome associado a Ernest Hemingway é um elemento norteador para o esclarecimento deste episódio. Abaixo, encontra-se um levantamento parcial sobre as traduções realizadas por Francisca de Basto Cordeiro:


LEONOR DE AGUIAR

Leonor de Aguiar pode ser considerada uma das mulheres mais interessantes e fascinantes de sua época. Infelizmente, os dados sobre a sua biografia são escassos. Até o momento, somente foi possível encontrar reportagens nos jornais sobre as suas apresentações como cantora lírica e depoimentos de amigos que descrevem sua personalidade marcante e vanguardista.

Leonor foi pensionista do governo do estado de São Paulo e pôde realizar seus estudos de canto na Europa, inicialmente em Paris e Roma e posteriormente em Berlin. Tem-se notícia de que passou 8 anos estudando no exterior, e este seria um dos motivos pelos quais teria desenvolvido suas habilidades com línguas estrangeiras, tornando-se fluente em pelo menos francês, italiano e alemão.

O que apresentaremos aqui são os principais fatos que unem seu percurso de vida a Monteiro Lobato. Diferentemente de Gulnara, que era membro da família de Lobato, e de Francisca, que teve seu primeiro livro editado por Lobato, não é possível até o momento constatar como Leonor de Aguiar e Monteiro Lobato se conheceram.

Porém, podemos supor que os vários amigos em comum e o convívio com a intelectualidade paulistana, contemporânea aos dois, possivelmente os tenha aproximado.

A amizade entre eles pode ser constatada através da narrativa de terceiros, da correspondência de Lobato para Leonor e de menções de Leonor a Lobato em uma carta para um amigo em comum.

Entre as evidências documentais, temos uma carta que Lobato escreveu para Leonor enquanto cumpria a pena à qual fora condenado sob a acusação de ter cometido delito contra a Segurança Nacional durante o governo Vargas. A carta é datada do dia 18/04/1941 (aniversário de Lobato) e nela ele fala sobre a sua rotina na prisão, sobre o fluxo intenso de visitas que recebia, e que o impediam de trabalhar na tradução de Kim, de Rudyard Kipling, entre outras peculiaridades da vida no cárcere.

Pudemos encontrar também um bilhete sem data de Lobato para Leonor. Para alguns pesquisadores, este documento sugeriria uma amizade íntima entre os dois, especialmente pelo fato de o bilhete possuir um beijo marcado de batom em seu verso.

Leonor, Lobato esteve aqui às 4,45 e deu com o nariz na porta. Voltará outro dia. Recebeu o bilhete [rasura] na Editora. Me disse telefonar para 72077, antes do almoço, para marcar encontro. Adeus, anjo! Lobato.”

A narrativa sobre o possível relacionamento entre Lobato e Leonor de Aguiar é corroborada por Ênio Silveira no livro Editando o Editor. Nele, o editor relata como conheceu Monteiro Lobato por intermédio de Leonor de Aguiar e as peculiaridades deste encontro.

Silveira Bueno, filólogo e escritor, também relaciona Leonor a Lobato, porém em um contexto diferente. Entre os anos de 1925 e 1926, Silveira Bueno teve uma questão mal resolvida com Monteiro Lobato acerca da autoria de uma tradução, lançando sobre ele uma série de acusações. Este tema pode ser aprofundado no capítulo 2 do livro da 3ª Jornada Monteiro Lobato no texto intitulado Monteiro Lobato e Silveira Bueno, os tradutores de Henry Ford.

O capítulo apresenta a primeira parte de um estudo que será finalizado este ano e que aborda as questões levantadas por Silveira Bueno. Uma das acusações de Bueno, que pesa sobre Lobato, refere-se à suposta quebra de um acordo e ao suposto não pagamento dos seus honorários como tradutor à época da falência da Cia Graphico-Editora Monteiro Lobato. Bueno alega que tal conduta era comum com outros tradutores também, e para confirmar tal afirmação, pede que se pergunte a Leonor de Aguiar se ela também fora vítima de tal “golpe”.

Leonor, ao que parece, nunca se manifestou endossando as acusações, muito pelo contrário, as menções que faz ao amigo Lobato são carinhosas e demonstram sua preocupação com a preservação de seu legado, conforme podemos observar nos excertos de sua correspondência com Anísio Teixeira, datada de 13 de maio de 1962:

” (…) Vi os maravilhosos jardins orientais e tropicais, os quadros, e de 1 a 5 ele me mostrou os mais raros livros. Sobre quasi todos citei frases e versos de côr, finalmente ele me disse: “Acompanho diariamente professores do mundo inteiro, jamais encontrei um que, melhor do que a senhora, possua nossa língua e nossa literatura”. Que pena o nosso querido Lobato não ler isto! Adoro críticas de amigos talentosos, ele costumava dizer que tinha um anel de brilhante azul de 6 quilates (igual ao que sempre trago no dedo com especial carinho, pois meu pai deu-o a minha mãe no dia em que nasci e ela me o deu no dia do meu primeiro concerto) esse anel me seria dado no dia em que não me gabasse de cousa alguma…. mas o Lobato acrescentava incontinente: “Pelo menos quando você afirma que sabe algo, sabe de verdade. (…)”

” (…) IMPORTANTE: Em N. York, além dos museus (conferências e concertos diários e grátis) do meu amigo, bailarino e coreógrafo Donald Saddler com 2 big hits em Broadway, vou diariamente à biblioteca Donnel, fundada pelo comerciante dêsse nome. Além de toda literatura inglesa há belas obras em 40 idiomas estrangeiros, mesmo no nosso português clandestino, como diria o Lobato. Dele não há um só livro.  Disse lá que [ilegível] esforços para obtê-los graciosamente no Brasil. Nós que o amávamos e amamos, nada poderíamos fazer? Você não poderia obter do editor as obras completas discretamente mencionando meu nome pois detesto esquecer o que prometo. Aliás prometi, se fosse possível! (…)”

Consultamos a New York Public Library para confirmar se os volumes de Obras Completas que constam no acervo da instituição possuíam algum registro de doação feito em nome de Leonor de Aguiar. Os responsáveis pelo acervo responderam relatando que este tipo de informação somente é fornecida in loco, visto que a Dunnel Library não existe mais no mesmo local físico, tendo sido incorporada ao sistema de bibliotecas da cidade de Nova Iorque.

O conteúdo dos dois trechos da carta não parece partir de alguém que teria sido ludibriada, e sim de alguém que tinha muito respeito, carinho e admiração por Lobato.

Leonor tinha uma carreira artística consolidada. Nos registros dos jornais de 1920, há várias menções aos seus recitais e participações em eventos da alta sociedade e da esfera política. Leonor convidava e era convidada, a sua influência não dependia da influência de Lobato.

No entanto, não é possível medir o impacto que Lobato teve na carreira tradutória de Leonor – ainda que ela tenha traduzido alguns livros para a Companhia Editora Nacional, na qual Lobato possuía atuação significativa – mas podemos pressupor que a amizade entre eles impactou a vida de ambos.

Análises mais aprofundadas sobre a trajetória da tradutora serão apresentadas em breve. Quanto ao levantamento parcial das traduções realizadas por Leonor de Aguiar, segue o quadro abaixo:


Algumas imagens das capas e das folhas de rosto de obras traduzidas por Leonor de Aguiar.



Esperamos que este post possa colaborar para fornecer uma visão mais ampla do papel de Monteiro Lobato no cenário literário e tradutório brasileiro, especialmente no que diz respeito ao incentivo, valorização e encorajamento que ele dispendeu às mulheres que atravessaram a sua vida pessoal e profissional.

Esperamos também ter ressaltado a importância destas e de tantas outras mulheres tradutoras, bravas operárias das letras, que na maioria das vezes ocuparam e ocupam um lugar secundário no vasto mundo da literatura.

Gulnara, Francisca e Leonor são apenas três nomes entre um universo de tradutoras brasileiras que tiveram seus nomes obscurecidos, senão apagados, nos nossos registros. Por isso a importância e a relevância de desenvolvermos mais pesquisas nesta área.

LEONOR, UMA INSPIRAÇÃO


Em 2003, Maria Adelaide Amaral lançou pela Editora Record, Estrela Nua: Amor e Sedução. O livro faz parte da Coleção Amores Extremos, que tem como proposta trazer novelas inéditas sobre o amor e reunir uma seleção das melhores escritoras brasileiras da atualidade.

Durante as pesquisas sobre Leonor encontrei uma reportagem anunciando o lançamento do livro, e para minha surpresa e felicidade, descobri que uma das personagens do livro foi inspirada em Leonor de Aguiar. É uma linda homenagem da autora que além de jornalista, escritora, dramaturga e acadêmica da Academia Paulista de Letras, é tradutora.

Entre as traduções e adaptações de Maria Adelaide do Amaral estão:

  • Krapp’s Last Tape (A Última Gravação) Teatro – Beckett 1988
  • The Edwardians (Grades de Ouro Ed. Globo)
    Romance – Vita Sackeville West (1987)
  • Six Degrees of Separation (Seis Graus de Separação)
    Teatro – John Guare (1993)
  •  Kean – Teatro – Jean-Paul SSartre (994)
  • Three Tall Women (Três Mulheres Altas)
    Teatro Edward Albee (1994)
  • Cenas de um Casamento – Teatro – Ingmar Bergman (l996)
  • Decadência (Decadence) – Teatro – Steven Berkoff (1997)
  • Joana Dark – a Re-Volta – Carolyn Gage (2000)
  • Lettie and Lotte – Peter Shaffer (2000)
  • Dúvida – Teatro – John Patrick Shanley (2006)
  • O Expresso do Por do Sol – Cormac McCarthy (2012)

Além de fazer estas traduções e adaptações, ela adaptou para o teatro O Evangelho segundo Jesus Cristo, de José Saramago, e Joana Dark a re-volta, de Carolyn Gage.

Referências:

As fontes de pesquisa deste post estão, em parte, incorporadas ao texto através de hiperligações para facilitar o acesso às informações. As imagens das capas e das folhas de rosto dos livros foram captadas da internet e do meu acervo pessoal. A foto de Gulnara Lobato Moraes Pereira faz parte do acervo do Museu Monteiro Lobato, as fotos de Francisca de Basto Cordeiro e de Leonor de Aguiar foram extraídas da internet. As demais fontes, cito abaixo:

A Barca de Gleyre Tomos I e II – Monteiro Lobato

Cartas Escolhidas Tomos I e II – Monteiro Lobato

Na Antevéspera – Monteiro Lobato

Cartas de Amor – Monteiro Lobato

Editando o Editor 3: Ênio Silveira – Jerusa Pires Ferreira

Na Tormenta da Vida: Memórias de um Batalhador – Francisco da Silveira Bueno

Figuras de Autor, Figuras de Editor – Cilza Carla Bignotto










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